quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

MEDICINA DE DESERTO

MEDICINA DE ÁREAS DESÉRTICAS

As atividades de turismo de aventura em regiões de clima desértico exigem um planejamento adequado, principalmente quando se trata da manutenção da saúde e do devido suporte nutricional nestas regiões.


Estima-se que 1/3 do planeta tenha seu ambiente caracterizado como deserto árido ou semiárido. No Brasil, o bioma da Caatinga, com uma área total de 850.000 km², corresponde a 10% do território nacional e apresenta uma fisionomia de deserto, com índices pluviométricos muito baixos e uma baixa variação da temperatura.
Caatinga (Fonte:http://evlafreitas.blogspot.com/2010/06/bioma-caatinga.html)
Muitas doenças podem ser facilmente encontradas nesta região, com destaque para as diarreias relacionadas à água e aos alimentos contaminados e as doenças transmitidas por vetores.

Os agravos mais comuns nas atividades em Caatinga relacionam-se com a disponibilidade da água e com as características do clima, tais como a hipertermia, a insolação, a intermação, a hiponatremia e a desidratação, além dos acidentes com cobras, escorpiões e insetos venenosos.

A Medicina do Deserto, termo usado internacionalmente, é caracterizada pelo cuidado muitas vezes improvisado de pacientes em locais com as características climáticas e geográficas típicas, associado à escassez de recursos materiais e ao isolamento da área, podendo ocasionar um retardo no acesso aos cuidados de saúde definitivos.

Assim como a Medicina de Montanha, a de Deserto encontra-se em constante desenvolvimento e baseia-se na própria amplitude das especialidades médicas e cirúrgicas associada ao desenvolvimento tecnológico e das comunicações.

O futuro da Medicina de Deserto depende do desenvolvimento de várias frentes: educação, pesquisa, treinamento, tecnologia, comunicações e meio ambiente. Tal desenvolvimento poderá aprofundar a compreensão dos profissionais de saúde responsáveis pelo planejamento e pela execução do atendimento médico e assim alcançar melhorias nos resultados clínicos.

Assim, pesquisas sobre a epidemiologia de doenças e agravos e o desenvolvimento de diretrizes baseadas em evidências devem evoluir, para que a prevenção e a mitigação de riscos possam ser plenamente empregadas neste campo de conhecimento.

Curiosidade

Ação do Sol em regiões desérticas: Soldados da II Guerra Mundial fritando ovo na chapa do carro de combate no deserto.

                                       https://www.youtube.com/watch?v=x1rXLhow1Ro

Distúrbios do Calor
O estresse por calor pode causar um espectro de doenças, variando desde cãibras de calor benignas, intermação e insolação, até a hipertermia, com risco de morte.

Como a temperatura central humana normal deve permanecer próxima aos 36,5 °C, casos com a temperatura corporal elevada e nos quais o organismo perde a capacidade de compensar as variações ocorridas, podem evoluir com disfunções metabólicas, alterações da atividade cardíaca, colapso circulatório, alterações neurológicas, convulsões, coma e morte.

As cãibras do calor
As cãibras causadas pelo calor são espasmos musculares dolorosos e incapacitantes que resultam da associação do clima quente com exercícios físicos prolongados e sudorese, muitas vezes com a reposição excessiva de água, fato que acaba por diluir os eletrólitos do sangue contribuindo para o transtorno. 

O uso de roupas inadequadas e a exposição a ambientes quentes por trabalhadores, atletas e militares, mesmo que previamente saudáveis, podem cursar com as contrações fortes e dolorosas dos músculos dos membros superiores ou inferiores características das cãibras.

Intermação
Este quadro relaciona-se com a ação prolongada do calor, em ambientes com baixa ventilação ou mesmo em pessoas usando roupas pesadas. Até pessoas na praia, após a permanência por muito tempo sob o guarda-sol podem apresentar este transtorno.

Os pacientes têm aparência de cansaço e podem apresentar sudorese, taquicardia e estado mental preservado. Os sintomas incluem fraqueza, tonturas, cefaleia, náuseas, vômitos e síncope por calor. A temperatura é frequentemente normal ou não excede 40°C.

Insolação

Quadro semelhante ao anterior, considerando a ação direta dos raios solares sobre a pessoa.

Hipertermia
A hipertermia é caracterizada pela elevação da temperatura corporal a patamares acima da capacidade de o organismo dissipar, isto é, há uma falha da capacidade de compensação da temperatura corpórea.

Nem sempre a hipertermia relaciona-se com a exposição ao sol, quando causada por esforço, pode ocorrer mesmo em temperaturas ambientais moderadas, especialmente entre os atletas de esporte de aventura e ultramaratonistas.

Por ser considerada uma emergência médica, necessita de tratamento de imediato a fim de evitar as complicações dos quadros mais graves.

Tratamento das doenças do Calor
Na abordagem destas vítimas, a remoção da causa do estresse pelo calor e o resfriamento rápido do corpo são essenciais para garantir a não evolução para os quadros mais graves ou mesmo evitar um desfecho trágico.

Uma boa opção para o resfriamento é a imersão total do corpo em água fria ou até gelada. Porém, em regiões de deserto essa intervenção geralmente não é prática. Nestas circunstâncias, umedecimento da pele e ventilação agressiva podem ser usados ​​na tentativa de diminuir a temperatura do paciente.


O tratamento pode ser realizado deixando-se a vítima em um ambiente fresco e com a reposição de bebidas que contenham sais ou até alimentos salgados. Soro caseiro ou uma bebida esportiva são boas opções, em volumes de 1 a 2 litros. Casos mais graves são tratados com líquidos e sais administrados via intravenosa, e em geral o alongamento do músculo afetado alivia imediatamente a dor.

Manejo do paciente com estresse do calor

- coloque o paciente em lugar fresco e ventilado 
- mantenha a cabeça do paciente mais alta do que o corpo  
- retire a roupa que for possível e afrouxe ou abra as restantes;  
- aplique compressas frias na cabeça, pescoço, abdome e nas regiões de grandes vasos 
- ofertar líquidos se estiver acordado  
- mantenha em repouso até a normalização do quadro
- converse com a vítima para acalmá-la e avaliar o seu estado de consciência

Desidratação
Atenção deve ser dada para a desidratação que ocorre quando o indivíduo perde mais água do que repõe, evoluindo com um volume de sangue menor que o normal, o que força o coração a aumentar o seu ritmo para compensar (taquicardia), podendo apresentar outros sintomas como fraqueza, tontura, dor de cabeça, fadiga, coma e morte.
Soro caseiro ou bebidas esportivas são indicados em casos de desidratação pois previnem as complicações que podem ocorrer.

Observações quanto à Hiperidratação
Por outro lado, a ingestão excessiva de água pode causar um desequilíbrio hidreletrolítico no organismo causada pela concentração anormalmente baixa de sódio no sangue. O sinais e sintomas incluem letargia, apatia, desorientação, câimbras, anorexia, náuseas, dores de cabeça e perda da consciência que pode evoluir com a morte.


Há alguns anos uma aventureira, durante um "trekking" no "Grand Canyon", consumiu uma quantidade excessiva de água e ao retornar da expedição apresentou um quadro de síncope que evoluiu de forma desfavorável, vindo a falecer em seguida.

Link para o artigo do caso:


Quando suspeitar de doenças do calor:
-  dor de cabeça;  
- náuseas e vômitos;  
- tonturas;
-  rosto avermelhado;  
-  pele quente e seca;  
- muitas vezes não há suor presente
- pulso rápido;
- temperatura elevada do corpo e extremidades;  
- respiração acelerada e difícil, muitas vezes a vítima parece sufocada;
- temperatura elevada do corpo e extremidades;  
- desmaio e pele pálida;
- extremidades arroxeadas;
- em casos mais intensos, convulsões e até mesmo a morte.
  

OBS.: Pensar em quadros associados de queimadura e desidratação
Saiba quais são os Sintomas de insolação
Queimaduras e Insolação - pensar sempre. (Fonte: https://www.tuasaude.com/sintomas-de-insolacao/) 
Prevenção
-  use proteção na cabeça e na nuca ao estar ao sol, de preferência com chapéus apropriados.
-  use roupas folgadas e de cores claras;  
-  prefira uma alimentação rica em com hortaliças e frutas, sem se descuidar dos carboidratos como fonte de energia e das proteínas como prevenção de perda de tecido muscular.
-  beba muita água (atenção para o caso relatado acima), sucos de frutas e bebidas isotônicas – uns 3 litros por dia podem ser suficientes.  
-  evite a exposição e os esforços sob o sol das horas de muito calor -  atenção para o período entre as 10 e 16 horas. 
-  planeje atividades observando os ambientes ventilados ou arborizados, informando a rota para alguém próximo e prevendo momentos de resfriamento e hidratação no percurso. 
-  não se descuide do protetor solar pelo menos 30 minutos antes da exposição solar. 
  
"PRATIQUE AVENTURA"

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