terça-feira, 22 de novembro de 2016

Desidratação e Esportes de Aventura   

Após alguns dias na Região Amazônica, atuando em uma operação humanitária, constatei, mais uma vez, a importância de estarmos preparados para a temperatura do ambiente e os seus efeitos em nosso organismo. E, no caso da maior Floresta Tropical do mundo, o calor é um dos piores componentes, com elevada capacidade de causar grandes danos ao corpo e transformar a estadia numa das mais lindas e selvagens regiões do nosso Brasil, numa péssima experiência.

Observa-se que o ser humano apresenta uma “faixa” de temperatura considerada normal, que varia entre 35,1°C e 37,7°C, sendo a temperatura média normal, considerada como 37º C, quando medida na boca.

A termorregulação é a capacidade de um organismo de promover a manutenção de sua temperatura normal como parte da homeostase corporal, e assim garantir a manutenção das funções vitais.

Quando um indivíduo suscetível encontra-se exposto a um local com temperaturas extremas, seja frio ou calor, a sua termorregulação corporal será influenciada por fatores distintos: os ambientais (umidade, calor radiante e velocidade do vento) e os individuais (idade, peso, condicionamento físico, vestimentas e comorbidades).

Efeitos tais como, irritabilidade, agressividade, dificuldade de concentração, desconforto pela transpiração excessiva, tremores, desidratação e alterações da frequência cardíaca, são altamente prejudiciais ao desempenho de atletas, excursionistas, trabalhadores expostos e militares, o que pode, algumas vezes, cursar com a morte, caso não sejam tomadas as providencias adequadas.

Há alguns meses, em Brasília, uma jovem de apenas 20 anos morreu após submeter-se a uma sessão de bronzeamento artificial. Segundo relatos, a vítima fez o procedimento estético por mais de três horas além do tempo recomendado. Além disso, não ingeriu água durante o procedimento, evoluindo para um quadro grave de desidratação e queimaduras de pele, concomitante com uma clínica de insolação.

Quando ocorre a elevação da temperatura corporal, a perda de líquidos pelo suor é um dos mecanismos de defesa que o organismo tem para manter a temperatura estável. Entretanto, as consequências negativas induzidas pelo processo afetam o sistema cardiovascular, com um aumento na frequência cardíaca e diminuição da pressão arterial. Estes efeitos são reflexos da desidratação e da perda de eletrólitos (sódio, potássio e etc.), determinando um estresse fisiológico capaz de interferir no próprio mecanismo de termorregulação, no desempenho físico e na saúde.

A desidratação também pode ocorrer no frio extremo, porque mesmo suando menos, sente-se menos sede quando se está exposto a temperaturas entre 4ºC a 22°C. E, no frio, o organismo concentra a circulação sanguínea nos vasos centrais, apresentando vasoconstricção periférica para preservar o calor do corpo. Acrescenta-se a estes fatores a ação do hormônio antidiurético (ADH), o que aumenta as perdas de líquido do organismo.

A figura abaixo demonstra uma escala de cor da urina relacionada com o estado de hidratação estimado, podendo servir como um guia para todos que realizam atividades “outdoor”, devendo ser a ingestão de água e bebidas isotônicas uma prioridade para estas pessoas.

      figura 1: Tabela de avaliação da hidratação pela cor da urina 


O consumo de água é de suma importância para se evitar um quadro de desidratação, e a sua prevenção é mais importante que o tratamento em si. Durante o processo da sudorese também são perdidos alguns eletrólitos fundamentais para o metabolismo e a contração muscular, como o sódio e o potássio, e para a reposição destes íons é necessário que água e bebidas isotônicas sejam ingeridas em quantidades e regularidade adequadas, preferencialmente seguindo orientação de um médico ou nutricionista.

O corpo humano é composto por aproximadamente 70% de água em sua composição corporal, e a sede não é um sinal confiável para avaliar a necessidade de hidratação, pois quando sentimos sede, já estamos com um nível de desidratação de aproximadamente 2% de nosso peso corporal. No calor, uma perda de apenas 1% de água já apresenta algum comprometimento fisiológico. Por sua vez, no frio, a sede pode ocorrer somente após a perda de 4%, o que piora o prognóstico da desidratação nesta situação.

Dicas para manter-se bem:
  1.   Mantenha-se hidratado mesmo antes de iniciar alguma atividade “outdoor”.
  2. Em atividades de longa duração, dê preferência para isotônicos ou água de coco, além de muita água – mínimo de 2 litros por dia.
  3. Respeite seus limites, evitando sobrecarga de atividades nos horários mais quentes e com o uso de roupas apropriadas (frio ou calor).
  4. Conheça o clima do local onde irá excursionar: as variações de temperatura e o regime de precipitação na época escolhida.
  5. Utilize a tabela de cor da urina para monitorar o seu estado de hidratação.
  6. Hidratar-se durante atividades “outdoor” (caminhadas, corrida de montanha, travessias aquáticas, escalada, MTB e etc.), é de suma importância, pois mesmo que todas as recomendações sejam seguidas, algum quadro de desidratação estará presente no final da atividade.



Atenção:
É de suma importância evitar a prática de esportes de aventura desacompanhado, sempre informe alguém sobre o seu cronograma e roteiro de expedição.

Link para a Revista Sportlife com alguns equipamentos para manter-se hidratado:

http://www.sportlife.com.br/corrida/5-equipamentos-para-manter-se-hidratado-durante-a-corrida