sábado, 18 de março de 2017

OS RISCOS DO TURISMO EM CAVERNAS

Explorar o interior da terra e admirar verdadeiras obras de arte da natureza, como as estalactites e as estalagmites, além de estar muitas vezes em silêncio absoluto ou na mais completa escuridão, é possível, quando se visita o interior das cavernas.

Na maioria das vezes esses visitantes não são espeleologistas, mas sim leigos, que não possuem a verdadeira noção dos riscos envolvidos na atividade ou mesmo o que significa para a natureza esculpir as esculturas de uma gruta (estalactites e estalagmites podem crescer em torno de 0,01 a 0,3 mm por ano).
                        Estalactites - obras de arte da natureza.

Goiás é um lugar muito rico em grutas, são encontradas no vale do São Patrício, nos municípios de Goianésia e Vila Propício, nas regiões de Cocalzinho e do Parque Estadual do Terra Ronca, dentre outras. 

Recentemente ocorreram alguns acidentes em cavernas no estado de Goiás, resultando em ações de resgate realizadas pelo Corpo de Bombeiros daquele estado. Vale ressaltar que atividades desta natureza são consideradas como as mais difíceis de serem executadas, mesmo por equipes altamente capacitadas.

Problemas de saúde em atividades em cavernas

Mesmo com o desenvolvimento de técnicas e equipamentos específicos e com a presença de espeleólogos ou guias experientes, a exploração e o turismo em cavernas apresentam riscos significativos, devido as peculiaridades desse ambiente.

Acidentes

O interior das cavernas, bem como as trilhas que lhe dão acesso, exigem cuidados em relação a quedas e lesões ortopédicas associadas (fraturas, luxações e entorses). Muitas vezes há o risco de morte, principalmente pela exposição a alturas significativas. O domínio de técnicas verticais, com o uso de cordas e equipamentos de segurança, é fator imprescindível na prevenção de acidentes graves.

A possibilidade de ocorrer o encontro com animais peçonhentos, como cobras, escorpiões e aranhas, exige o uso de botas e roupas adequadas, que protejam tornozelos, pernas e braços, diminuindo assim a possibilidade de acidentes.

A permanência prolongada em ambientes inundados ou com baixas temperaturas, aumenta a possibilidade de ocorrer hipotermia, que pode provocar perda de coordenação motora, alterações da consciência e até mesmo a morte. Para evitá-la, os exploradores devem usar roupas impermeáveis ou com tecidos de secagem rápida e levar agasalhos e mudas roupas secas.

O afogamento é um perigo que deve ser considerado, tanto pelo risco de inundação repentina, como durante a travessia de rios subterrâneos ou na superfície.

           Caverna com rio subterrâneo – Parque Estadual do Terra Ronca.

Doenças

Morcegos podem transmitir a hidrofobia ou raiva, doença grave e sem cura, geralmente de forma casual, pois esses animais não costumam atacar espontaneamente o ser humano. O contato acidental com unhas e dentes apresenta um alto risco de contágio e pode ocorrer durante uma revoada para entrar ou sair das grutas.

A Histoplasmose, conhecida antigamente como "Doença das Grutas", é uma patologia transmissível que ocorre após a inalação dos esporos do fungo “Histoplasma capsulatum”, presente em dejetos de aves e morcegos. Essa infecção fúngica sistêmica manifesta-se na maioria das vezes como um quadro brando, semelhante ao estado gripal. 

Após a inalação do fungo dá-se a disseminação pela corrente sanguínea, espalhando o agente por vários órgãos, como pulmões, fígado, baço e tubo digestivo. As formas graves disseminadas, muitas vezes com desfecho letal, podem ocorrer em pessoas suscetíveis. A resposta imunológica do hospedeiro vai determinar a gravidade da doença.

                               A exploração de cavernas exige cuidados.

As manifestações clínicas em geral são: tosse, febre com duração maior que uma semana, fraqueza, falte de apetite, dor torácica, dor de cabeça e dor no corpo do tipo muscular. Radiologicamente, podem ser encontrados nódulos, únicos ou múltiplos, disseminados em ambos os pulmões. 

O período de incubação dura entre uma a três semanas, portanto o aparecimento desses sintomas, no intervalo considerado, exige que a pessoa exposta procure atendimento médico imediatamente.


Dicas de segurança para atividades em cavernas

1 – Utilize sempre os guias locais ou algum grupo experiente e evite explorar grutas desconhecidas, a não observância dessas recomendações implicará em riscos reais.

2 – Faça um “check-list” com os equipamentos necessários (corda, mosquetão, freio, ascensores, carbureteira, lanterna elétrica, pilhas reserva, lâmpada reserva, velas e fósforos a prova d’água, abrigo térmico e kit de primeiros socorros).

3 – Utilize capacete e roupas adequadas para a atividade.

4 – Forneça a alguém todos os detalhes da expedição, como o roteiro e as datas planejadas.

5 – Atenção para cavernas com curso d’água ou sinais de drenagem, pois em caso de chuva intensa pode ocorrer alagamento repentino, muitas vezes impossibilitando a saída do local.

6 – Durante o deslocamento no interior da caverna não salte de um lugar para outro, devido ao risco na dissipação da onda de choque ou de ocorrer alguma lesão na queda.

7  Não interfira na dinâmica da caverna, por exemplo: não toque na ponta de uma estalactite ou interrompa a queda da gota formada e muito menos mexa em animais.


Link: Para saber mais sobre as cavernas de Goias.