Desidratação e Esportes de Aventura
Após
alguns dias na Região Amazônica, atuando em uma operação humanitária, constatei,
mais uma vez, a importância de estarmos preparados para a temperatura do
ambiente e os seus efeitos em nosso organismo. E, no caso da maior Floresta
Tropical do mundo, o calor é um dos piores componentes, com elevada capacidade
de causar grandes danos ao corpo e transformar a estadia numa das mais lindas e
selvagens regiões do nosso Brasil, numa péssima experiência.
Observa-se que o ser humano
apresenta uma “faixa” de temperatura considerada normal, que varia entre 35,1°C
e 37,7°C, sendo a temperatura média normal, considerada como 37º C, quando
medida na boca.
A termorregulação é a capacidade de
um organismo de promover a manutenção de sua temperatura normal como parte da
homeostase corporal, e assim garantir a manutenção das funções vitais.
Quando
um indivíduo suscetível encontra-se exposto a um local com temperaturas
extremas, seja frio ou calor, a sua termorregulação corporal será
influenciada por fatores distintos: os ambientais (umidade, calor radiante e
velocidade do vento) e os individuais (idade, peso, condicionamento físico,
vestimentas e comorbidades).
Efeitos
tais como, irritabilidade, agressividade, dificuldade de concentração,
desconforto pela transpiração excessiva, tremores, desidratação e alterações da
frequência cardíaca, são altamente prejudiciais ao desempenho de atletas,
excursionistas, trabalhadores expostos e militares, o que pode, algumas vezes, cursar
com a morte, caso não sejam tomadas as providencias adequadas.
Há alguns
meses, em Brasília, uma jovem de apenas 20 anos morreu após submeter-se a uma
sessão de bronzeamento artificial. Segundo relatos, a vítima fez o procedimento
estético por mais de três horas além do tempo recomendado. Além disso, não
ingeriu água durante o procedimento, evoluindo para um quadro grave de
desidratação e queimaduras de pele, concomitante com uma clínica de insolação.
Quando
ocorre a elevação da temperatura corporal, a perda de líquidos pelo suor é um
dos mecanismos de defesa que o organismo tem para manter a temperatura estável.
Entretanto, as consequências negativas induzidas pelo processo afetam o sistema
cardiovascular, com um aumento na frequência cardíaca e diminuição da pressão
arterial. Estes efeitos são reflexos da desidratação e da perda de eletrólitos
(sódio, potássio e etc.), determinando um estresse fisiológico capaz de
interferir no próprio mecanismo de termorregulação, no desempenho físico e na
saúde.
A
desidratação também pode ocorrer no frio extremo, porque mesmo suando menos, sente-se
menos sede quando se está exposto a temperaturas entre 4ºC a 22°C. E, no frio,
o organismo concentra a circulação sanguínea nos vasos centrais, apresentando
vasoconstricção periférica para preservar o calor do corpo. Acrescenta-se a
estes fatores a ação do hormônio antidiurético (ADH), o que aumenta as perdas
de líquido do organismo.
A figura
abaixo demonstra uma escala de cor da urina relacionada com o estado de
hidratação estimado, podendo servir como um guia para todos que realizam
atividades “outdoor”, devendo ser a ingestão de água e bebidas isotônicas uma
prioridade para estas pessoas.
figura 1: Tabela de avaliação da hidratação pela cor da urina
O consumo
de água é de suma importância para se evitar um quadro de desidratação, e a sua
prevenção é mais importante que o tratamento em si. Durante o processo da
sudorese também são perdidos alguns eletrólitos fundamentais para o metabolismo
e a contração muscular, como o sódio e o potássio, e para a reposição destes íons
é necessário que água e bebidas isotônicas sejam ingeridas em quantidades e
regularidade adequadas, preferencialmente seguindo orientação de um médico ou nutricionista.
O corpo humano é composto por aproximadamente 70%
de água em sua composição corporal, e a sede não é um sinal confiável para avaliar a necessidade de hidratação,
pois quando sentimos sede, já estamos com um nível de desidratação de
aproximadamente 2% de nosso peso corporal. No calor,
uma perda de apenas 1% de água já apresenta algum comprometimento fisiológico. Por
sua vez, no frio, a sede pode ocorrer somente após a perda de 4%, o que piora o
prognóstico da desidratação nesta situação.
Dicas para manter-se bem:
- Mantenha-se hidratado mesmo antes de iniciar alguma atividade “outdoor”.
- Em atividades de longa duração, dê preferência para isotônicos ou água de coco, além de muita água – mínimo de 2 litros por dia.
- Respeite seus limites, evitando sobrecarga de atividades nos horários mais quentes e com o uso de roupas apropriadas (frio ou calor).
- Conheça o clima do local onde irá excursionar: as variações de temperatura e o regime de precipitação na época escolhida.
- Utilize a tabela de cor da urina para monitorar o seu estado de hidratação.
- Hidratar-se durante atividades “outdoor” (caminhadas, corrida de montanha, travessias aquáticas, escalada, MTB e etc.), é de suma importância, pois mesmo que todas as recomendações sejam seguidas, algum quadro de desidratação estará presente no final da atividade.
Atenção:
É de suma importância evitar a prática de esportes de aventura desacompanhado, sempre informe alguém sobre o seu cronograma e roteiro de expedição.
Link para a Revista Sportlife com alguns equipamentos para manter-se hidratado:
http://www.sportlife.com.br/corrida/5-equipamentos-para-manter-se-hidratado-durante-a-corrida
É de suma importância evitar a prática de esportes de aventura desacompanhado, sempre informe alguém sobre o seu cronograma e roteiro de expedição.
Link para a Revista Sportlife com alguns equipamentos para manter-se hidratado:
http://www.sportlife.com.br/corrida/5-equipamentos-para-manter-se-hidratado-durante-a-corrida